Abri uma porta. Entrei com prudência, pois não sabia o que me esperava. Deitara toda a réstia de esperança nesta porta. Mas ela fê-la desaparecer de imediato. Deparei-me com o vazio, o nada. Quis voltar atrás, mas era tarde demais. Já todo o meu passado se tinha desmoronado, qual castelo de areia. As memórias transformaram-se num mecanismo de sofrimento, numa exaltação de momentos outrora felizes e jamais passíveis de serem repetidos. Tudo se foi, já nada volta.

E a porta... A porta que eu pensava que me iria dar uma saída, apenas me trouxe escuridão. Para lá desta porta nada faz sentido. Palavras, gestos, pessoas, a vida. O que é tudo isto? Nada. Nada consigo ver, perceber ou viver, para lá desta porta.

Vou trancá-la, já que não posso sair por ela.