Eu e o outro

O que nos leva a pensar que os outros são iguais a nós, que pensam de igual modo, que têm de perceber tudo o que nos passa pela cabeça?

Pois é, a nossa individualidade às vezes fica surpresa porque não temos estas questões na cabeça. Já as temos como seguras. A nossa personalidade não se lembra que há outras suas "irmãs" que são muito diferentes.

Custa-nos a aceitar pessoas muito diferentes de nós, procuramos sempre os mais parecidos e não pensamos porque é assim. Porque não aceitar um desafio e lidar com pessoas totalmente diferentes? Porque não aceitar a diferença, questionar os nossos próprios valores? Porque queremos viver sempre na apatia do mesmo, do conhecido, do esperado?

Acho que o que muitas vezes fazemos é, ficamos no nosso mundinho, fechados à chave e não importa o que nos rodeia. Se o outro está mal, culpa dele. Minha não é. Quando devíamos tentar entrar na cabeça do outro, essa era a maneira correcta de pensar. Pensarmos no próximo, sim porque ele é como nós. Não é insensível nem uma "pedra". Se nos puséssemos no lugar do outro e nos esforçássemos talvez não houvesse tantas incompreensões. Mas para quê, nos darmos a esse trabalho se depois até nem é reconhecido? Devemos fazê-lo por nós e pelo outro. E não nos devemos acomodar à situação como ela está.

É difícil ter esta mentalidade, pois somos mecanizados para vivermos para o "eu". Quando algo se atravessa à frente deste personagem egoísta chocamos com uma outra realidade, ficamos um pouco confusos mas lá chegamos à conclusão que o outro ser esquisito é que se pôs à nossa frente. E lá continuamos o nosso caminho sempre felizes e contentinhos..

Esta infelizmente é a realidade. Cada vez as pessoas são mais egoístas e egocêntricas. Pensam mais no seu próprio nariz e não se dão conta que há outros bichos iguais a elas por aí à solta. Às vezes é preciso algo trágico para nos apercebemos da importância do outro.

Olhem para o vosso lado e entrem na cabeça do outro, lembrem-se que ele é como o "eu" que temos cá dentro.